CURA DA FLORESTA

Post

Relato de Uma Experiência Profunda com Ayahuasca: Encontro com o Eu Interior

Há momentos na vida em que somos chamados a silenciar o mundo ao redor para escutar o que habita dentro de nós. Foi em um desses momentos, em meio a questionamentos, ansiedade e a sensação de estar desconectada da minha essência, que ouvi o chamado da floresta. A experiência com a Ayahuasca não apenas respondeu aos meus silêncios, mas me fez mergulhar profundamente na alma — e de lá eu nunca mais voltei da mesma forma.


A Preparação: O Caminho Começa Muito Antes da Cerimônia

Antes de qualquer gota da medicina tocar minha boca, o processo de transformação já havia começado. Me preparei com dieta alimentar leve, silenciei minha mente com meditações diárias e abri mão de distrações. Comecei a sentir a energia da floresta se aproximando, mesmo em meio à cidade.

No dia da cerimônia, o coração pulsava forte, mas com confiança. O local escolhido era um espaço de cura em meio à mata, acolhedor e conduzido por um guardião experiente das medicinas da floresta. O ambiente sagrado já parecia operar curas apenas pelo silêncio e a presença das árvores ao redor.


A Tomada da Medicina: O Amargo Que Abre Portais

Tomamos a Ayahuasca em um ritual de silêncio, cantos e intenções. O gosto era amargo, mas a reverência com que recebi aquela pequena dose era como se estivesse tomando um elixir ancestral. Me sentei em silêncio, respirando profundamente, esperando que o processo se iniciasse.

Os primeiros efeitos chegaram como uma névoa suave: uma leve alteração da percepção, sensações no corpo, ondas de calor e frio, até que imagens começaram a surgir diante de mim — não como sonhos, mas como memórias da alma.


O Mergulho: Encontro com Partes Perdidas de Mim

1. O Desconforto da Verdade

A primeira etapa da jornada não foi confortável. A Ayahuasca, como dizem, é uma professora que não adula. Fui confrontada com memórias dolorosas, decisões mal resolvidas, medos escondidos e padrões que eu fingia não ver. Chorei. Senti um nó no peito. Mas continuei ali, firme, observando tudo como se estivesse vendo um espelho profundo da minha alma.

2. O Coração que se Abre

Passado o turbilhão inicial, algo mudou. Meu peito começou a se expandir, e uma onda de amor inexplicável tomou conta do meu ser. Lembrei do abraço da minha avó, da infância livre, de momentos simples. Comecei a sentir gratidão por tudo que fui, mesmo pelas partes que julgava. Entendi que tudo me trouxe até ali.


Presenças Invisíveis: O Toque dos Espíritos da Floresta

Durante a experiência, percebi que não estava sozinha. Não falo apenas das pessoas ao redor, mas de presenças sutis, conscientes e amorosas. Espíritos da floresta, guardiões, guias. Não os via com os olhos, mas sentia com o coração.

Eles me mostraram imagens simbólicas: raízes, folhas, cobras, águias. Cada símbolo parecia carregar uma mensagem específica para mim. Uma árvore enorme surgiu em minha visão interior, e percebi que eu era aquela árvore — com galhos feridos e raízes profundas. Pela primeira vez, me senti conectada com toda a existência.


O Encontro com o Eu Interior: Silêncio, Verdade e Cura

No auge da experiência, fui levada para um lugar interno que nunca havia acessado. Um espaço de puro silêncio. Lá, não havia dor, nem ego, nem passado. Havia apenas uma presença luminosa — e ela era eu.

Nesse momento, compreendi que todas as respostas que busquei fora estavam, desde sempre, dentro de mim. O medo de não ser suficiente, o desejo de ser amada, a busca por propósito… tudo encontrou seu lugar. Eu era suficiente. Eu era amada. Eu era parte do Todo.


Após a cerimônia, senti-me como alguém que volta de uma longa viagem e precisa reorganizar a casa interior. A Ayahuasca havia aberto portas, mas era minha responsabilidade atravessar cada uma com consciência.

Passos que adotei no pós-cerimônia:

  1. Jornal espiritual: comecei a escrever diariamente sobre insights, sonhos e emoções.
  2. Práticas de ancoramento: meditação, banhos de ervas, caminhadas na natureza para manter a conexão.
  3. Desapego de velhos hábitos: me afastei de conteúdos, relações e padrões que já não faziam sentido.
  4. Respeito ao processo: compreendi que a medicina continua agindo dias e até semanas após a cerimônia.

Viver Com Mais Presença e Verdade

Hoje, carrego essa experiência como uma chama viva dentro do meu peito. Não idealizo a Ayahuasca — ela não é milagre, nem atalho. Mas é, sim, uma medicina poderosa que, quando usada com respeito e intenção, pode nos lembrar de quem realmente somos.

A floresta, através da Ayahuasca, me curou com suas raízes. E me ensinou a confiar no invisível, a silenciar para escutar, a me despir de ilusões para vestir a alma com verdade.

Cada um de nós tem um encontro marcado com o Eu interior. Às vezes ele vem em sonhos, outras vezes no silêncio de uma manhã… e, para alguns, ele vem pela medicina da floresta.

Se você sentiu o chamado, saiba que não está só. A floresta sussurra. A alma escuta. E quando esses dois se encontram, o despertar é inevitável.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress

Utilizamos seus dados para analisar e personalizar nossos conteúdos e anúncios durante a sua navegação em nossos sites, em serviços de terceiros e parceiros. Ao navegar pelo site, você autoriza a Cura da Floresta a coletar tais informações e utiliza-las para estas finalidades. Em caso de dúvidas, acesse nossa Política de Privacidade